Projeto
Introdução
O estilo de vida adotado pelas pessoas é um dos ‘pilares’ fundamentais na prevenção de diversas doenças e na promoção tanto da saúde física quanto da saúde mental e há fortes evidências de que a adoção de um estilo de vida saudável desde a infância tem repercussões positivas na saúde do indivíduo ao longo da vida. (TELAMA et al., 2005; CRAIGIE et al., 2011). (HAAPANEN et al., 1997; WANNAMETHEE et al., 1998; LEE et al., 2012).
No entanto, poucas crianças ou adolescentes em idade escolar atendem as recomendações de prática de atividade física em dose suficiente para derivar benefícios à saúde, e atualmente estudiosos apontam (RIDDOCH et al., 2007; EKELUND et al., 2012) para um cenário de pandemia global de inatividade física que afeta pessoas de todas as idades (KOHL et al., 2012).
Mesmo sendo um ambiente sabidamente possível de se desenvolver intervenções efetivas para promoção da atividade física (BARROS et al., 2009; HOEHNER et al., 2013), as aulas de educação física continuam a apresentar problemas. Diversos fatores foram elencados em um relatório produzido a partir de um levantamento global acerca da situação da educação física nas escolas. (saiba mais).
Países como a Dinamarca e a Noruega decidiram recentemente ampliar o tempo semanal destinado às aulas de educação física. Esta decisão - embora não tenha sido explicitamente justificada por tal fato - decorre da constatação de que um maior tempo despendido com aulas de educação física e com programas de atividade física não prejudicam o desempenho dos alunos. Ao contrário, observou-se que estudantes que dedicaram mais tempo à atividade física na escola apresentaram melhor desempenho escolar e melhor comportamento durante as instruções acadêmicas (DWYER et al., 2001; EDWARDS et al., 2011).
A partir disso, fora sugeridas diversas abordagens para aumentar os níveis de atividade física durante o tempo na escola como por exemplo, o uso do recreio estruturado, Scruggs et al. (2003), práticas esportivas extracurriculares Zahner et al. (2006) ou ainda no contexto das escolas de ensino médio, cujos resultados do Projeto Saúde na Boa indicaram que intervenções relativamente simples e de baixa complexidade operacional são efetivas na modificação de determinadas condutas de risco à saúde (DEL DUCA et al., 2014; COSTA et al., 2014; BARBOSA FILHO et al., 2014).(conheça mais ) Apesar de promissores, no Brasil, ainda são raros os estudos de intervenções de base escolar que focam na promoção da atividade física (SOUZA et al., 2011).
Justificativas
O desenvolvimento de programas nesse contexto é importante porque permitem alcançar grande proporção da população jovem, inclusive aqueles pertencentes a famílias de menor renda e que estão em desvantagem do ponto de vista das oportunidades de desenvolvimento acadêmico e de saúde física (CHALOUPKA; JOHNSTON, 2007; KROENKE, 2008). Os achados relatados nos estudos supra referenciados sugerem que mudanças curriculares e organizacionais com baixa complexidade de operação no contexto escolar podem diminuir o comportamento sedentário e aumentar o nível de atividade física de adolescentes. Considerando ainda que intervenções baseadas em modificação das aulas de educação física podem derivar resultados similares, aumentando o nível de atividade física, é plausível a hipótese de que estas mesmas intervenções podem ter efeito direto ou indireto na melhoria de indicadores de função cognitiva e desempenho escolar.
Objetivos
Neste projeto, o objetivo primário é analisar o processo de uma intervenção fatorial de base escolar com foco na realização de ações relacionadas às aulas de educação física e a efetividade desta em três diferentes desfechos: comportamentos sedentários, função cognitiva e desempenho escolar. Tanto o impacto quanto o processo serão avaliados mediante realização de avaliações em diferentes estágios de acompanhamento, inclusive com avaliação de acompanhamento após o término da intervenção a fim de identificar se o eventual efeito permanece após interrupção do estímulo produzido artificialmente pela investigação (pre-, pos-, and follow-up measures). Secundariamente, a realização destas avaliações em diferentes períodos do ano permitirá ainda a realização de análises de sazonalidade na prevalência dos indicadores sob análise.
Métodos
Metodologia
Como pode ser observado na figura, 11 escolas foram agrupadas em quatro grupos, que realizaram uma avaliação antes e outra 6 meses após a intervenção. O processo de intervenção se deu pelo aumento no número de aulas de educação física semanais (grupo A), pela realização de ações de treinamento e engajamento de professores de educação física sobre indicadores relativos a três desfechos: comportamentos sedentários, função cognitiva e desempenho acadêmico (grupo B) e ou pela combinação de ambos (grupo C), o grupo D representava o grupo controle (que manteve sua rotina inalterada).
Resultados
Atividades previstas
Os ensaios comunitários são pesquisas realizadas num contexto real de vida e, por conseguinte, gerando resultados que podem apoiar o desenvolvimento de intervenções mais amplas e a disseminação dos achados para a população como um todo. No escopo das intervenções propostas estão previstas as seguintes ações:
ü Sugestão de modificação na matriz curricular (utilização de duas horas/aula das atividades complementares para realização de aulas de Ed. Física)
ü Oportunidade de formação continuada para professores de Educação Física das escolas participantes;
ü Realização de 6 encontros
ü Oferta de material didático (apostila contendo modelos de planos de aula, textos de apoio e material didático para as aulas);
ü Avaliação dos estudantes das escolas participantes em questões relacionadas a estilo de vida, aptidão física, exames de sangue, antropometria, pressão arterial, cognição e desempenho escolar;
ü Aplicação da intervenção
ü Avaliação do processo
ü Monitoramento das atividades e apresentação de relatórios de acompanhamento aos gestores das unidades escolares.
ü Seminário para divulgação dos resultados
ü Apresentação dos resultados em congressos
ü Publicações científicas